quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quixadá: Algodão agroecológico é alternativa de cultivo

Pequenos produtores rurais, compradores, representantes de organizações não governamentais e técnicos de órgãos oficiais participam neste Município do IV Seminário do Algodão Agroecológico do Semiárido. Além de representantes de todas as regiões do Ceará, comitivas da Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte discutem até amanhã sobre mercado e qualidade, comércio justo e certificação orgânica do produto natural fibroso.

Na oportunidade serão apresentadas propostas de monitoramento dos transgênicos. O cultivo das matrizes vegetais modificadas geneticamente em laboratório é considerado pela Rede do Algodão Agroecológico do Semiárido uma ameaça ambiental e de contaminação das culturas de plantio em sistemas naturais sustentáveis. Neles não há utilização de agrotóxicos, adubos químicos ou outros insumos prejudiciais à saúde humana. Esse processo é conhecido popularmente como agroecologia.

Segundo o engenheiro agrônomo do Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria, Pedro Jorge Lima, membro da Rede Agroecológica e um dos articuladores do encontro, a cada ano esse grupo se fortalece. Na primeira edição, na localidade de Lagoa Seca, na Paraíba, pouco mais de 300 produtores rurais apostavam no cultivo consorciado com a cotonicultura diferenciada. Hoje, 1.350 deles estão espalhados pelo Nordeste.

Embora este ano o inverno não tenha atendido às expectativas, a produção foi bem abaixo do esperado. A tendência é continuarem apostando na alternativa assessorada pelo Esplar, no País há mais de 15 anos. Ao fazer essas considerações, o engenheiro agrônomo da Embrapa, Melchior da Silva, cita como exemplo a praga do bicudo. "Foi mais um mito criado pelos controladores do mercado de que é um grande mal à produção".

O agricultor José Sinésio da Silva concorda com o técnico. Os produtores estão perdendo o medo do besouro nocivo às lavouras de algodão. Ele confessa ter abandonado a monocultura quando o bicudo começou a atacar sua terra natal, a Paraíba, no início da década de 1980. Foi necessário mais uma década para conhecer e passar a confiar na proposta do Esplar. Em 2004 conheceu a agroecologia. No princípio não confiava, mas os resultados vieram após o primeiro plantio. Colheu menos e lucrou mais. Antes vendia o quilo a R$ 0,80. A mudança de manejo passou a lhe render mais R$ 4,00 por cada quilo.

Políticas Ecológicas
"A resposta para a valorização das plumas naturais está nas políticas ecológicas e sociais aplicadas pelas empresas interessadas no comércio justo", explica a representante comercial da Veja Fair Trade, Aurélie Dumont. Ela veio da França para participar do seminário. A sua empresa e outras duas, a Tudo Bom? e a EnVão, com sede naquele País da Europa, comercializam produtos criados nesses contextos. Conquistaram uma clientela especial na Europa. A tendência é expandir ainda mais. Um par do tênis de algodão especial, lançado em 2005, custa em média 80 euros. Quem compra diz ficar satisfeito. A produção conta com matéria-prima do Ceará, Amazônia e Rio Grande do Sul.

Amanhã, no encerramento do evento, deverá ser feita a apresentação do plano estratégico da Rede para 2011/2013.

Fonte: Diário do Nordeste

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