sábado, 23 de outubro de 2010

Fortaleza: Secretaria confirma 150 casos suspeitos da superbactéria

A informação é oficial: de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), há 150 casos no Ceará sendo investigados sob suspeita de contaminação pela superbactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC). Amostras dos pacientes foram enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que as encaminhará a outro laboratório. As amostras contêm material genético a ser analisado. Somente depois de realizado o exame é que a Sesa informará se a superbactéria tem presença no Estado. 

O resultado do exame ainda não tem data para ser divulgado. Até lá, porém, os suspeitos de contaminação serão isolados e medicados adequadamente.

Segundo Lia Fernandes, presidente do Comitê Estadual de Controle de Infecção e Serviços de Saúde da Sesa, os casos, que envolvem pessoas que passaram por internação ou que estão internadas em hospitais cearenses, remontam ao início do ano. Eles não são apenas das últimas semanas, quando as 18 mortes por infecção no Distrito Federal repercutiram em jornais e televisão. Na Paraíba, por exemplo, outras 18 mortes são atribuídas à superbactéria desde 2009. No Brasil, o Paraná é estado com o maior número de casos confirmados até agora: 21.

Lia Fernandes explica que a superbactéria “é capaz de neutralizar antibióticos potentes”. Entretanto, há outros antimicrobianos que podem combater o organismo. Lia acrescenta que eles “seriam usados somente em casos de infecções graves”. A presidente do comitê informa que foram realizados exames preliminares a fim de detectar se havia indícios da superbactéria no Ceará. Cada hospital foi responsável por esses exames. A partir do resultado da análise do material coletado previamente e enviado para o laboratório, os portadores da superbactéria poderão ser classificados entre aqueles que têm a doença manifestada e aqueles que são apenas colonizados (possuem a bactéria, mas sem repercussão momentânea).
 

De acordo com o infectologista Anastácio Queiroz, a superbactéria “produz uma enzima que inativa um grupo de antibióticos. Consequentemente, isso a torna muito difícil de ser debelada. Por isso esse nome, de superbactéria”. Lia Fernandes aponta que o grupo de risco constitui-se “principalmente de pacientes que estão em hospitais há muito tempo, que usaram antibiótico. Porque a cada vez que você usa, a possibilidade de ela desenvolver resistência é maior”.

Ela garante que a rede estadual ou privada de saúde dispõe de antibióticos suficientes caso os 150 casos sob suspeita se confirmem como infecção pela superbactéria.

A nova superbactéria é originária da Índia. Ela é resistente a um leque muito grande de antibióticos em virtude do uso indiscriminado dos remédios.
 

A superbactéria, chamada NDM-1 (metalo-beta-lactamase 1 de Nova Délhi), e suas variações, foi detectada pela primeira vez na Grã-Bretanha, em 2007. Segundo estudiosos, mesmo potente, ela é restrita a ambientes hospitalares.

Lia Fernandes, da Sesa, informa que os cuidados que devem ser tomados “é higienizar as mãos com álcool em gel ou sabão, para familiares ou pacientes que vão visitar os pacientes, antes e depois do contato com pacientes”. Segundo Lia, a superbactéria “não tem um risco mais elevado que as outras bactérias. O problema é que não há tantos antibióticos para tratá-la”.
 

Fonte: O Povo

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